intervenção

Ideia Abstrata da Intervenção

01:32

Ao passear pela cidade o grupo notou a relação peculiar existente entre carros e pessoas, devido ao tamanho reduzido de calçadas ou até mesmo a ausência delas, pessoas e carros dividem o espaço das ruas. Pensando externamente essa relação, ela pareceu conflituosa mas após imergir na vivência da cidade observou-se certa organicidade. Pensando nisso, o grupo viu no Beco Modesto de Almeida, local carinhosamente apelidado de "triângulo" um potencial de exploração dessa relação. A área residual formada pelo triângulo receberia maior visibilidade e valorização, se consolidando como um local de aconchego, ao mesmo tempo integrado e desvinculado a rua, possibilitando um diálogo entre as pessoas dentro do espaço e os carros e transeuntes externos.

intervenção

Roteiro de Entrevistas

00:33

Roteiro utilizado para entrevistar frequentadores do espaço escolhido para intervenção. 

[Beco Modesto de Almeida] 

Apresentação do grupo (estudantes, contexto, proposta...)
Solicitar informações pessoais (nome, origem, residência...)
Qual sua relação com este espaço?
 Há algo que chame sua atenção neste espaço?
 Como realiza seu deslocamento diário? Utiliza carro nesta região? Se não, enquanto pedestre, o que sente em relação aos carros neste espaço?
 Você conhece as pessoas que moram/trabalham neste espaço específico?
 Como é o fluxo de pessoas aqui durante o ano? Isso muda sua rotina? Se sim, como?
Você sente que este espaço faz parte da praça [do Mercado]?
 Há algum elemento neste espaço que lhe incomoda?

Evento

Entre Nós – A Figura Humana no Acervo do Masp

22:14

Chuchimilco, esculturas feitas de terracota produzidas por povos que habitaram a costa central do Peru

A exposição apresenta diversas obras relacionadas a figura humana.
As esculturas foram expostas em aquários. Dessa forma, é possível vê-las de todos os lados.
As obras foram separadas por períodos históricos de acordo com a data de sua criação. Foi muito interessante essa organização pois é possível ver claramente o contraste entre as diferentes mentalidades dos artistas, consequentemente da sociedade em cada época.
As paredes das galerias foram pintadas de lilás, cor que comunica bem com a moldura de madeira das pinturas, mas que ao mesmo tempo garante neutralidade as salas.
É possível perceber uma semelhança entre esculturas feitas na África e esculturas feitas na América, o que produz uma reflexão sobre como apesar de terem sido produzidas em épocas, lugares e culturas diferentes existe algo que aproxima os seres humanos.

Croqui

Experimentação de Croquis

00:17


Diamantina

Beco Modesto de Almeira (Local escolhido para intervenção)


Rua Quitanda

Beco em frente a praça Barão Guaicui





Pesquisas

Apropriação do espaço com o corpo

15:47

 
Foto: Internet


Parkour

Parkour é um treino de transposição de obstáculos do ambiente, como escalar muros, equilibrar em corrimãos, ou saltar sobre vãos. Porém, mais do que isso, é a incessante busca pelo desenvolvimento da autonomia do corpo e mente sobre os desafios do cotidiano. Realiza-se através do trabalho de força, resistência, explosão muscular, equilíbrio, determinação, concentração, persistência, entre vários outros atributos físicos e mentais necessários para alcançar o potencial.
O Parkour não é um esporte, ou tampouco um esporte radical. Busca-se lidar com o próprio corpo sem a dependência de acessórios, construir um corpo forte e duradouro, sair da zona de conforto e  tornar-se melhor. Não é uma busca por riscos ou por adrenalina. Não há regras ou um juiz dizendo o que é certo ou errado, não há competidores fazendo você ganhar ou perder, é uma batalha interna entre o indivíduo e o ambiente, ou entre o indivíduo e ele mesmo. Apenas o indivíduo e o seu corpo ditam as regras. Uma atividade rica em experiências e valores para o desenvolvimento do ser humano em seu potencial.


Deriva

É um procedimento de estudo psicogeográfico – estudar as ações do ambiente urbano nas condições psíquicas e emocionais das pessoas.
 Partindo de um lugar qualquer e comum à pessoa ou grupo que se lança à deriva, deve-se rumar deixando que o meio urbano crie seus próprios caminhos. É sempre interessante construir um mapa do percurso traçado, esse mapa deve acompanhar anotações que irão indicar quais as motivações que construiu determinado traçado. É pensar por que motivo dobra-se à direita e não segue reto, por que para-se em tal praça e não em outra, quais as condições que levaram a descansar na margem esquerda e não na direita. Enfim, pensar que determinadas zonas psíquicas conduzem e trazem sentimentos agradáveis ou não.
Apesar de ser inúmeros os procedimentos de deriva, ela tem um fim único, transformar o urbanismo, a arquitetura e a cidade. Construir um espaço onde todos serão agentes construtores e a cidade será um total. A  deriva se define como um “comportamento ‘lúdico-construtivo’; ligada a uma percepção-concepção do espaço urbano enquanto labirinto: espaço a ‘decifrar’  e a descobrir pela experiência direta.”

Fonte:  reverbe.net

Flaneur

O termo flâneur vem do francês e tem o significado de "vagabundo", "vadio", " preguiçoso", que por 
sua vez vem do verbo francês flâner, que significa "para passear". Charles Baudelaire desenvolveu um significado para flâneur de "uma pessoa que anda pela cidade a fim de experimentá-la". Devido à duração da utilização e teorização por Baudelaire e inúmeros pensadores em termos econômicos, culturais, literários e históricos, a idéia do flâneur tem acumulado importante significado como uma referência para compreender fenômenos urbanos e a modernidade. Walter Benjamin descreve o flâneur como um produto da vida moderna e da Revolução Industrial, sem precedentes, um paralelo com o advento do turismo. Benjamin se tornou o seu próprio exemplo, observou o social e estético durante longas caminhadas por Paris.
A percepção do flanêur parece se dar diante daquilo que é transitório na cidade, mas ele não simplesmente lamenta-se a respeito da transitoriedade, ele se alimenta dela, ele formula uma espécie de abrigo no ventre da caótica urbanidade – bem entendido, caótica para os citadinos, não para os gerenciadores políticos da nova ordem social – tecendo uma narrativa dos atrativos da cidade, numa espécie de reconhecimento do apelo erótico das coisas e das pessoas no contexto dos desencontros modernos.

Fonte:  caroltsv

Rolezinhos

A gíria não é nova. “Dar um rolê” ou “dar um rolezinho” são expressões já comuns em vários espaços urbanos e expressam a prática de passear pela cidade, divertir-se. A diferença dos atuais rolezinhos é que eles estão sendo programados a partir de redes sociais, reunindo centenas (ou milhares) de jovens e dirigindo-se aos shoppings centers. Os rolezinhos começaram a ser chamados por MCs após surgir um projeto de lei na Câmara dos Vereadores de São Paulo que pretendia proibir a realização de bailes funk na cidade. O projeto foi vetado pelo prefeito Fernando Haddad, mas os rolezinhos não pararam por aí.
A maioria desses jovens vive nas periferias das cidades. Ao chegarem aos centros comerciais, eles passeiam pelos corredores e praças de alimentação, paqueram, tiram fotos, cantam e executam alguns “passinhos” utilizados nos bailes funk. Para alguns, os rolezinhos seriam uma forma de os jovens garantirem seu direito à cidade, subvertendo as imposições colocadas por autoridades públicas e empresas privadas, reutilizando esses locais de acordo com seus interesses. Tamanha reação em relação aos rolezinhos pode ser entendida também como uma profanação dos templos de consumo, ilhas de suposta segurança encravadas em uma sociedade extremamente violenta e desigual. Os participantes dos rolezinhos podem querer apenas consumir e se divertir. Entretanto, os administradores e utilizadores desses espaços não estão vendo com bons olhos a invasão dos templos pela camada da sociedade brasileira que teve um aumento de renda durante a década de 2000 e 2010, entrando maciçamente no mercado de consumo. Os rolezinhos são a expressão das contradições da sociedade brasileira em movimento, mas ainda sem solução à vista.

Fonte: brasilescola

Flash Mobs

Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público para realizar determinada ação inusitada previamente combinada, estas se dispersando tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através dos meios de comunicação social. Esse tipo de evento quando realizado de forma organizada é bastante impactante, podendo-se usar a dança, mas também muitas vezes se utiliza outros artifícios. Muitos são realizados em forma de protesto ou também para homenagear alguém ou alguma coisa.

Fonte: mundodadanca 

Skateboarding (Iain Borden)

 É um fenômeno urbano, os skatistas experimentam e compreendem a cidade através do seu esporte. Desconsiderando a autoridade e a convenção, os skatistas sugerem que a cidade não é apenas um lugar para trabalhar e fazer compras, mas um verdadeiro espaço de prazer, um lugar onde o corpo humano, as emoções e a energia podem ser expressos ao máximo. A enorme subcultura de skate que gira em torno de roupas e placas gráficas, música, gírias e movimentos fornece um recurso rico para explorar questões de gênero, raça, classe, sexualidade e a família. Conduz a uma crítica performativa da arquitetura, da cidade e do capitalismo.


Evento

Espetáculo: Variações sobre um tema amarelo

17:13

Foto: Tarcísio de Paula
A peça combina gêneros como o teatro do absurdo, drama e teatro físico, para criar uma nova leitura para o conto 'O Papel de parede Amarelo', de Charlotte Perkins Gilmam, um clássico da literatura feminista, originalmente publicado no século XIX, mas que continua extremamente atual. 


 Não li o conto do qual o espetáculo se inspira, porém, com relação a história, acredito que se a ideia do autor não for colocar o marido como "bonzinho" e "cuidador da esposa" deveria ter explorado melhor o papel de "vilão" do mesmo, que diagnosticou erroneamente a mulher como depressiva e a confinou sem motivo, pois, pela forma como a história é apresentada, têm se a impressão de que o marido estava apenas cumprindo seu papel de médico e a mulher realmente sofria de transtornos e necessitava de tratamentos. O fato do marido ser machista e não deixar a esposa trabalhar é evidente, entretanto, ainda fica o questionamento se aquela mulher realmente tem capacidade para trabalhar e até mesmo se relacionar com outras pessoas.
 O enredo não segue uma narrativa, várias atrizes interpretam a mesma personagem o que contribui para gerar a ideia de psicose e transtorno mental. O marido não possui falas em toda a peça, apesar disso, o ator consegue transparecer a ideia de imponência, opressão e superioridade pois em suas cenas trabalha-se muito o uso do corpo.
O cenário do espetáculo é fixo, constituído por uma mesa e quatro cadeiras. A iluminação é muito explorada e é a responsável por criar um importante elemento cênico: o papel de parede. 
Os atores iniciam a peça já em cena. Além disso, exploram o espaço do teatro além do palco, utilizando os corredores. Esse fato somado ao pequeno tamanho do teatro, gera uma aproximação maior com o público. 


 Evento: Variações sobre um tema amarelo - 'Criações de Bolso'
Data: 26/05 a 28/05 Hora: Sexta e sábado, às 20h I Domingo, às 19h
Local: Sesc Palladium
Teatro de Bolso




Objeto

Objeto Interativo Programático com Eletrônica

23:21



A ideia inicial de produzir um "sapato falante" foi retomada, entretanto, o projeto foi repensado para ficar menos representativo e explorar melhor o conteúdo. Em primeiro lugar, para a construção do trabalho pensei em que impacto ou que ação eu gostaria de promover no mundo, foi decidido que seria estabelecer uma relação de descobrimento espacial, que obrigasse as pessoas a se deslocar pelo espaço para interagir.

A partir disso, foi pensado em uma estrutura, como na foto abaixo, que abrigaria um dispositivo Bluetooth e auto falantes. Da estrutura sairiam dois fios com botões de pulso nas extremidades. Dessa forma, os usuários poderiam interagir com o objeto de duas formas independentes. A partir do pulso nas extremidades, que deveriam ser acionados ao mesmo tempo, o objeto começaria a se locomover pelo espaço e as pessoas deveriam acompanha-lo. A outra forma de interação se daria a partir do Bluetooth que permitiria colocar sons para serem reproduzidos no mesmo. Entretanto, o objeto apresentava muitas falhas: a estética estava precária, o objeto não ampliava possibilidades de interação entre objeto-pessoa e/ou entre pessoa-pessoa, apenas uma pessoa poderia interagir com o mesmo devido ao comprimento dos fios, limitava-se a ir apenas para frente. Concluindo, o objeto ainda estava representativo e se assemelhava a uma caixa de som com rodas.



A ideia seguinte constituía em uma estrutura que se movimentaria (mais rápido ou mais lento) a partir da frequência dos sons que ela recebesse (maior frequência mais rápido, menor frequência mais lento) porém, foi compreendido que a interface estava muito complexa e com poucas possibilidades de movimentação e interação pessoa-pessoa. Além disso, a estética ainda estava banal e pouco interessante e assemelhava-se muito a um carrinho de brinquedo. 


Retomando os objetos anteriores, percebi o potencial de possibilidades proporcionado por uma estrutura feita de cano pvc relacionadas a orientação do deslocamento. Além disso, é esteticamente mais interessante e não é possível atribuir de imediato uma função específica ao objeto. 
O objeto consiste em uma estrutura feita de tubos pvc, como na imagem abaixo, que possui dois circuitos independentes entre si que acionam as rodas. O circuito é acionado a partir dos sensores de movimento. O usuário pode rotacionar a parte inferior da estrutura, alterando o sentido da orientação das rodas. Dessa forma, o objeto abre possibilidades de interação entre uma ou mais pessoas, estabelecendo uma relação de diálogo.


A combinatória está presente nas diferentes configurações que as orientações das rodas podem assumir.
Utiliza-se de recurso finalístico (movimentação do objeto); causalístico porque o objeto só consegue se mover devido a um input que seria a movimentação do usuário; programático porque o movimento não é programado e pode ser feito de várias formas.
A interface é mais proativa e a interação dialógica.
Trata-se de uma interatividade interativa pois o usuário interage com o conteúdo através da interface. 
O objeto é transfuncional pois não tem função pré definida e ao mesmo podem ser atribuídos múltiplos usos.
Além disso, o usuário se torna uma espécie de jogador pois tem autonomia sobre a interface. 
O objeto ainda apresenta falhas com relação ao material utilizada para as rodas, a forma como estão sendo rotacionadas e a estabilidade (dependendo da forma que posiciona os eixos o mesmo não para em pé). 


Análise

Inhotim - Adriana Varejão

22:38

Galeria Adriana Varejão


Foto: José Vitor

 
A galeria apresenta diversas obras da artista Adriana Varejão. A artista é conhecida por trabalhar mais com a lógica da representação do que com a lógica da diferença, características que podem ser observadas em seus trabalhos, que geralmente retratam algo mas não tem o intuito de causar interação com a obra. As obras são dispostas pela galeria de forma que existe um caminho bem definido de como e em que ordem serão vistas. A obra escolhida para ser analisada foi " Linda do Rosário" que gera um contraste poético com o espaço. A obra foi elaborada pela artista com o intuito de representar um acidente trágico, entretanto, abre outras possibilidades de reflexão se o espectador se propor a isso.
A construção utiliza elementos que eu particularmente gosto muito, como o concreto, a água, o vidro e os azulejos (que fazem parte das obras da artista) que geram um contraste interessante entre si e com a vegetação. Alem disso, dá a sensação de grandiosidade mas ao mesmo tempo integração com a natureza. 


Linda do Rosário, 2004 Foto: site oficial inhotim

Reflexão

Virtualidade e Interatividade

07:03

Sempre associei o termo "virtual" a tecnologia de automação, entendendo o virtual como um espaço que relaciona pessoas a um sistema operacional, algo contrário ao real. A partir da leitura dos textos propostos, pude compreender o virtual como algo mais amplo e complexo. Virtual seria algo que existe em potência, que se atualiza, um vir a ser, diversas configurações possíveis de algo que não são manifestadas. A partir disso, a virtualidade pode ser compreendida como um evento em estado latente. A interatividade seria o diálogo, a possibilidade de interação. A união dos dois conceitos: virtualidade e interatividade parece-me propor a concepção de algo focando em como transcender sua função inicial, abrindo possibilidades quanto ao seu uso. O desenvolvimento de algo mutável, dinâmico e aberto a transformação. 

Até que ponto o digital é facilitador na construção de uma virtualidade?

O digital é facilitador na construção de uma virtualidade no sentido em que sistematiza a interface e a ação dos usuários. 




Análise

Seminário de Design de Interação

07:00



BOUNDARY FUNCTIONS (1998) - scott Snibbe



Câmera e projetor posicionados no teto reconhecem a plataforma com o auxílio de um espelho. 
Os dispositivos são conectados a um computador, que rastreia os movimentos e através de um software customizado gera 

o diagrama de Voronoy de acordo com a posição e movimentação das pessoas sobre a plataforma. 


Esquema do site oficial que explica funcionamento 

O diagrama de Voronoy é a pré-configuração de como o software reagirá diante da movimentação, entretanto, não limita a interação pois atua apenas como parâmetro da interface. Outra questão interessante é que o título da obra faz referência à tese de doutorado de Theodore Kaczynski (Unabomber), da Universidade de Michigan (1967) que aborda o conflito entre individuo, sociedade e espaço. Além disso, o diagrama de voronoy é um padrão recorrente na natureza, encontrado por exemplo na forma como as células compõem tecidos do corpo humano. Porém, mesmo que o usuário desconheça essas referências é possível adquirir a percepção de comunidade, aglomerado e fronteiras através dos "novos espaços" criados e recriados pelas pessoas. Em outras palavras, o conteúdo está implícito mas é perceptível, caracterizando uma obra não representativa e uma interatividade interativa. Além disso, a obra só existe enquanto há pessoas interagindo com a interface. 



Infinito ao Cubo (2007) - Cantoni Crescenti


Cubo espelhado de 3 x 3 x 3 metros suspenso a 25 centímetros do chão apoiado numa cruzeta no centro de sua base e em quatro molas, uma em cada canto. Duas das suas faces giram em seu eixo central. Uma bascula e outra pivota. Esta pivotante age também como uma porta de acesso ao seu interior. Espelhado por fora reflete o espaço à sua volta. Espelhado por dentro, ao fechar a porta, provoca reflexões infinitas em todas as direções. As paredes não se tocam, ou seja, o espaço exterior é visível através de linhas de 3 centímetros de espessura por 3 metros de comprimento. Essas linhas são refletidas guardando a cor, a luz e o movimento da cena exterior, que em reflexões múltiplas geram um efeito caleidoscópico


Foto site oficial
O trabalho tem a proposta de integrar arte e ciência, que é algo que me interessa muito. A obra tem a pretensão de a partir de um cubo espelhado criar a impressão de infinito através dos múltiplos reflexos gerados, além disso, ao se movimentar pelo espaço as reflexões adquirem novas configurações devido a mecanismos (como molas) presentes no chão. A partir das informações sobre a obra é possível afirmar que a mesma não pode ser definida como programática pois predetermina a sensação que os usuários terão pela interação. Além disso, o usuário interage mais com a interface do que com o conteúdo da obra. Permite interação pessoa-pessoa pelo "confinamento" no espaço e os efeitos que o ato de caminhar gera no cubo.



Evento

Seminário Arte e Pesquisas Indígenas (Projeto Desvios)

16:33

Foto: Amilton Mattos

O MAHKU é formado por artistas Huni Kuin, povo indígena que vive em ambos os lados da fronteira do Brasil com o Peru. O coletivo origina-se das pesquisas realizadas por Ibã Huni Kuin, com o objetivo de estimular o conhecimento dos cantos e da língua dos antigos. De acordo com o pesquisador e professor, o extrativismo do látex na região fez com que seu povo perdesse grande parte da história e língua. Em 2008, cerca de 36% da população conservava a língua e este conhecimento estava concentrado com os idosos.
Desde 2008, a Universidade Federal do Acre – Campus Floresta trabalha com a formação de professores e pesquisadores indígenas para auxiliar na preservação da identidade dos índios do estado, e foi nessa época que a história de luta de Ibã chegou à academia. O professor de Língua e Artes da Licenciatura Indígena da universidade, Amilton Mattos, iniciou o processo de documentação da pesquisa e no auxílio da tradução das músicas para desenhos, em resgate à língua original Huni Kuin. “Era um projeto para que os jovens aprendessem o que os cantos dizem, porque é uma linguagem difícil e eles não tinham contato com um professor que estivesse ali. Inicialmente começamos a utilizar a linguagem do desenho, da pintura, e esse trabalho saiu do Acre e foi para a Europa. Fomos chamados para uma exposição na França e entramos nesse universo que está crescendo, que é movimento da expressão artística dos povos indígenas, principalmente com as artes visuais, para expressarem seus mundos e seus dilemas com o mundo que a gente vive”, destaca. Parte da trajetória dos Huni Kuin – desde a pesquisa até o reconhecimento dos artistas indígenas – foi evidenciada pelo professor no filme O sonho do nixi pae (2015), exibido durante o seminário no Sesc Palladium.                                     + Informações


O pesquisador  Ibã Huni Kuin iniciou o seminário com um canto popular que para a cultura da aldeia, tem significado religioso. O ambiente foi de diálogo e troca de informações, que abriram a discussão para temas importantes. 
Vale destacar, a importância da desconstrução do estereótipo do índio que deve viver nu na floresta, sem se apropriar da tecnologia ou da forma ocidental de produzir arte. Assim, desmistifica-se a ideia de que a cultura indígena deve ser imutável, "congelada" no tempo.  
O Coletivo Mahku através da criação de um espaço de residência e experimentação artística, tem conseguido resgatar a identidade de seu povo. O espaço construído por eles não tem o propósito de meramente ensinar mas de trocar conhecimentos, buscando reproduzir a diferença, a sobrevivência, o modo de estar e compartilhar o mundo com outros seres. A arte possibilitou ao povo uma nova visão e uma maior valorização de sua cultura.  
O professor de Língua e Artes da Licenciatura Indígena da universidade, Amilton Mattos, afirmou que: " A modernidade criou a separação da arte e da tecnologia buscando a colonização por meio da homogeneidade dos povos. " A questão me pareceu complexa pois como seria possível separar arte e tecnologia? Pensando nisso, encontrei o seguinte artigo que trata do mesmo assunto, mas ainda não cheguei a uma conclusão.
Outro tema importante foi levantado pela artista visual Erica Si: “Ter esse contato com o povo ancestral é sempre maravilhoso, porque ele nos auxilia a recuperar uma essência que faz parte de um processo de cura muito importante da nossa sociedade, que é esse resgate da força da floresta com significado mais profundo dos nossos fazeres do dia a dia, porque a gente vai levando as coisas para um lado muito mecânico e nossas relações se tornam superficiais. No processo artístico também é muito importante, porque a própria arte vivencia um esgotamento, um processo de apropriação do molde acadêmico, europeu, então na nossa arte, infelizmente, há um excesso do que é o homem europeu, o homem branco. A gente que é artista só tem muito a aprender com esse povo que traz essa arte tão livre e tão descondicionada dos nossos conceitos".

 
  02 de maio de 2017
Local: Sesc Palladium
Teatro de Bolso

Objeto

Objeto Interativo Programático

20:32


A partir da rede de objetos foi proposto a criação de um novo objeto que atendesse as especificações de ser interativo e programático. Além disso, o objeto deveria carregar alguma ideia dos objetos iniciais. 


A ideia inicial foi a concepção de um sapato infantil que emite sons ao ser pisado. Entretanto, foi compreendido que o objeto estava muito finalístico, representativo e pouco interativo. 


A partir disso surgiu a ideia de conceber um sapato que ao ser pisado, reproduziria sons com o auxílio da tecnologia bluetooth. O sapato "invadiria" o aparelho das pessoas e aqueles com o dispositivo bluetooth ligado, se reproduzissem áudios, teriam esses áudios reproduzidos no sapato involuntariamente ou não. O objetivo era questionar a presença do corpo no espaço (o ato de caminhar) e por meio dos áudios, que poderiam ser de diversos tipos, questionar o que define o corpo e como as pessoas o veem. Entretanto, foi compreendido que o objeto ainda estava muito representativo. 

Refazendo o objeto mas mantendo a ideia, surgiu a "liga". O objeto consiste em uma rede de tubos pvc conectados. O objetivo é que as pessoas ao interagir sintam-se livres para desconectar e reconectar os tubos onde desejarem, dessa forma a trama não possui uma forma fixa pré-estabelecida.  Os tubos conectados representam a ligação existente durante o nascimento, que de alguma forma pré-definem o "novo ser". Além disso, o ato de conectar e desconectar os tubos remete as conexões que são feitas ou desfeitas ao longo da vida. A rede de tubos, esteticamente lembra uma trama de corpos que parecem dançar no espaço.  Não significa necessariamente que as pessoas ao interagir com o objeto terão as mesmas percepções, porém, foram essas ideias que contribuíram para a criação do mesmo.

Liga

Evento

Os cadernos de Kindzu

17:03

Os cadernos de Kindzu, disposição final do cenário. Foto: Roberta Silvestre

"Com direção de Ana Teixeira e Stephane Brodt, a nova criação do Amok Teatro, Os Cadernos De Kindzu, tem como ponto de partida a obra literária “Terra Sonâmbula”, do escritor moçambicano Mia Couto. O espetáculo conta a trajetória do jovem Kindzu, que, para fugir das atrocidades de uma devastadora guerra civil, deixa sua vila e parte para uma viagem iniciática. Nela, encontra outros fugitivos, refugiados e personagens repletos de humanidade que lhe farão viver experiências ancoradas tanto na cultura tradicional do sudeste da África, quanto na vivência de um conflito devastador."

Em relação a cenografia, o espetáculo não utiliza coxias, ou seja, os atores e os elementos cênicos estão presentes no palco o tempo todo. É interessante ver a dinamicidade que os objetos cênicos adquirem pois é como se o objeto perdesse a condição de mero objeto cênico para tornar-se  parte integrante da obra pois são atribuídas ao mesmo diferentes funções e usos, podendo atuar como instrumento musical, como banco, como pedra ou como divisor de ambientes. Essas transformações ficam claras ao espectador pois quase não se usa black-out durante toda a peça. A iluminação é bem estudada e contribui para guiar os olhos do observador e evidenciar partes em detrimento de outras, além disso, também atua como divisora e construtora de ambientes, como a separação entre água e terra, que aparece na narrativa. De maneira geral a peça não possui cenário fixo e sua construção e reconstrução faz parte da obra. A sala que foi escolhida para abrigar a peça contribui para estabelecer uma relação maior de proximidade entre atores e público pois é menor, o palco é maior que o espaço destinado ao público e em qualquer posição que se escolha para sentar é possível ver todo o palco. 
O enredo é instigante, promove a imersão na trama e a empatia com os personagens.  Um mesmo ator, com exceção do ator que interpreta Kindzu, interpreta mais de um personagem ao longo da peça. A interpretação acontece de forma tão natural que se a transformação não ocorresse em cena, poderia se dizer que trata-se de outro ator.
O espetáculo aborda temas importantes e abre espaço para reflexão sobre questões como: a existência, o pertencimento, a relação com o espaço e a cultura, a guerra, a terra, a migração.

Porque esta guerra não foi feita para nos tirar do país, mas para tirar o pais de dentro de nós. (Kindzu)


Farida: Eu quero sair de África.

Kindzu: Ambos queremos partir. Mas eu quero encontrar um outro continente dentro de África. A terra que tu procuras é essa, não há outro lugar. 


Eu sou um sonhador de lembranças, um inventor de verdades. (Taimo) 

O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro. 


Local: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte


Praça da Liberdade, 450 – Funcionários
CEP: 30140-010 | Belo Horizonte - MG
(31) 3431-9400
Assistido em: 07 de abril de 2017

Em cartaz no mesmo local até 08 de maio de 2017.
Indicação: 
Os diretores Ana Teixeira e Stéphane Brodt, da Companhia Amok Teatro, se juntam ao elenco da montagem “Os Cadernos de Kindzu”, para um bate-papo com o público no dia 6 de maio, às 16 horas, no teatro II. A entrada é gratuita e a capacidade do local é de 85 pessoas

Evento

Objeto Vital: Los Carpinteros

16:43

Foto: Roberta Silvestre

A exposição apresenta grande variedade de obras, com diversos segmentos artísticos como pintura, escultura e videoart. Apropriando-se disso, a curadoria explorou bem os espaços, as obras foram apresentadas emolduradas, em cúpulas ou até mesmo diretamente sobre as paredes e o chão. A iluminação favoreceu as obras e aparentemente não gerou interferência negativa sobre as mesmas. Um fato que me chamou muita atenção é como as obras de modo geral, casaram bem com o piso que é próprio do edifício, como se o piso de madeira (material frequentemente usado pelos artistas) fosse parte da exposição. Até mesmo nas obras em que o uso da madeira não é aparente, como visto na foto abaixo, o piso gerou um contraste interessante que dialogava com o restante da exposição. 

Foto: CCBB. Cuarteto, 2011 Madeira pintada, metal e bronze cromado

Em relação as obras, de modo geral, estimulam a reflexão a cerca dos objetos e a transgressão a suas funções pré-determinadas. Em alguns casos é possível perceber evidentemente que a obra carrega uma crítica, em outros a crítica é apresentada de  forma lúdica e pode passar despercebida. A maioria das obras é esteticamente interessante e convidativas a reflexão e imersão. 
Foto: Roberta Silvestre
Foto: Roberta Silvestre




Local:
Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
         kjjjjjjjjjjjjjjjjjjPraça da Liberdade, 450 – Funcionários               
Visita em: Março/2017 

Reflexão

Roupa e Arquitetura

00:03

                                             

A história nos diz que a roupa e a arquitetura surgem de necessidades básicas comuns como: proteção, conforto, abrigo e/ou distinção social. Além disso, a evolução e desenvolvimento de ambas está fortemente atrelada aos costumes e hierarquia de determinada sociedade. Entretanto, enquanto o vestuário preocupa-se em vestir o corpo compreendendo o indivíduo, a arquitetura preocupa-se em "vestir" o espaço, compreendendo a coletividade e trabalhando a espacialidade.  A roupa limita o corpo e a arquitetura limita o espaço ocupado pelo corpo.
Outra questão a ser analisada está relacionada ao ciclo de duração e uso. A roupa apresenta um ciclo menor de duração, ou seja, mudança rápida nas tendências, maiores possibilidades de troca e combinações de peças. Conservar e guardar uma peça de roupa por muitos anos é difícil, principalmente mantendo as características originais. Além disso, em sociedades em que o consumo é estimulado, a repetição prolongada de roupas e a renúncia a moda vigente não é algo visto como positivo. Em contraponto, a arquitetura apresenta um ciclo mais longo, rígido e até mesmo fixo. É possível encontrar construções muito antigas, não necessariamente atendendo o mesmo propósito original, em uso. Bem como, existem cidades tombadas como patrimônio histórico em que as construções originais devem ser conservadas e restauradas e novas construções devem seguir a base original. Ademais, por se tratar de algo coletivo a arquitetura parece depender muito mais do consenso, das demandas e relações estabelecidas pela sociedade e das inovações tecnológicas (materiais, concepção, ect.)  do que as roupas. 

Análise

Documentário: Um lugar ao Sol

23:42

Foto: Divulgação Oficial
SINOPSE 
Um grupo de pessoas desfruta de uma realidade diferente daquela que a maioria dos brasileiros têm. O dia-a-dia dos moradores de luxuosas coberturas de prédios é abordado através de depoimentos, que geram um debate sobre suas diferentes visões em relação à cidade que os rodeia, neste caso Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. No topo dos condomínios, essas pessoas têm uma visão privilegiada, esbanjam status, poder e muitas vezes são alvo de visibilidade, insegurança e do seu próprio desejo.

O documentário possibilita a abertura para discussão de diversos temas ao apresentar a fala de pessoas influentes no Brasil, residentes em coberturas luxuosas. Durante a apresentação das falas é raro perceber a presença do entrevistador, demonstrando uma liberdade maior do entrevistado para construir seu relato. Além disso, o fato de que as pessoas mais influentes do país possuem grande poder aquisitivo evidencia que o funcionamento e a política do país é ditada pelo mercado em detrimento das pessoas, fato que explica a desigualdade social acentuada.
Em geral, a partir dos depoimentos conclui-se que os moradores possuem ampla visão física e geográfica do espaço, entretanto, possuem visão limitada sobre a vida e suas complexidades. A exemplo disso, a vida é colocada por alguns como dividida em duas facções: o bem e o mal, os moradores das coberturas seriam o bem pois são mais privilegiados e se encontram "mais perto de Deus". Esse discurso serve para justificar ações segregacionistas e ao mesmo tempo ausentar a responsabilidade sobre o que acontece na cidade. 
O relato dos moradores também evidencia que a busca por esse tipo de moradia não está primordialmente relacionada ao conforto proporcionado: como a vista privilegiada, a privacidade ou maiores possibilidades quanto ao uso, mas sim, a simbologia atrelada a esse espaço, que garantiria superioridade, dominação e isolamento social. Conforme afirmado por uma família, a cobertura não seria apenas uma habitação mas uma outra dimensão que permite assistir a vida urbana com certo distanciamento. A mesma família transforma a pobreza em paisagem ao elogiar a estética das casas da comunidade do Glória sem se preocupar com a condição em que vivem as pessoas dali, além disso,  transforma a violência em espetáculo ao relatar cenas brutais vivenciadas por essa mesma comunidade como algo belo e interessante. 
A pertinente questão do isolamento social também possibilita a reflexão a respeito de quais outros aspectos da vida, as pessoas colocam barreiras para evitar contato com o outro, o novo, o diferente. Estariam as redes sociais dando uma falsa ideia de aproximação entre as pessoas mas na verdade atuando como coberturas de luxo? Você consegue conviver com uma opinião diferente da sua? 
É importante que haja interação entre as pessoas pois é a partir do contato com o diferente que é possível expandir possibilidades, repensar questões, mudar de opinião e evoluir.   



Reflexão

Percepção mediada e imediata

16:52

Foto: Google Street View
Separar espaço e tempo é um grande desafio. Quando alguém pensa em um espaço, automaticamente o coloca em determinado tempo, recorrendo ou não a memória. A fotografia permite "congelar" os momentos de um espaço, um grande fotografo é aquele que consegue transmitir sua percepção/sensação do momento e utilizar a composição para determinar o que receberá maior atenção do espectador, mediando a experiência. Ao analisar um espaço pela ferramenta do Google Street View a percepção é mediada por um satélite que registra o espaço. A imagem gerada é uma boa ferramenta de localização espacial mas não permite vivenciar verdadeiramente o lugar pois o espaço é mutável e necessita da ação do tempo. Quando se trata de uma percepção mediada é preciso confiar que a representação é fiel a realidade ou admitir que os sentidos serão limitados por algum mediador.  Em contrapartida, a percepção imediata permite que o próprio indivíduo seja ator das mudanças que ocorrem no espaço e garante maior autonomia na escolha do que será percebido ou do que será ignorado. Além disso, lida-se com o acaso, com todos os elementos presentes no espaço que podem ser analisados juntos ou separados mas é por intermédio deles e de suas relações que a experiência é construída.

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